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Pedir é dar a oportunidade do outro tornar nossas vidas mais maravilhosas

E o que isso tem a ver com nossas relações afetivas

Muitos de nós temos medo de fazer pedidos nos relacionamentos, sobretudo quando esses pedidos acompanham a expressão de algum incômodo latente.

A gente tem medo do outro negar-se a contribuir com o que estamos pedindo e nesse movimento, muitas vezes, preferimos manter-nos na escassez da satisfação de nossas necessidades. Mas será que esse é o caminho mais saudável para nossas relações? Mais cuidadoso com nós mesmos?

Pense comigo: se a gente se relaciona como estratégia para satisfazer nossas necessidades, faz algum sentido não comunicar ao outro o que gostaríamos de cuidar junto com ele e como concretamente ele poderia contribuir conosco?

Ao fazer pedidos, nós estamos dando  oportunidade ao outro, que também escolheu se relacionar conosco, de contribuir com nossas vidas. Ele pode saber não apenas o que é importante para nós, mas de que maneira nós gostamos ou precisamos ser cuidados.

Lembrando que eu estou falando de fazer pedidos e não de fazer exigências. E o que diferencia uma coisa da outra é exatamente que quando pedimos, acolhemos a possibilidade do outro dizer não. Afinal, o outro é um ser livre como nós e pode fazer suas próprias escolhas.

Então, pedir não significa que o outro TEM QUE contribuir para satisfazer nossas necessidades. Mas ao ter clareza, ele pode escolher se quer fazer isso ou não, e nós também ganhamos clareza se ali é terreno fértil para o que desejamos e precisamos.

Eu sei que é doloroso escutar “nãos”, mas o que você acha melhor: ter, você também, a oportunidade de fazer escolhas diante dessa realidade, ou silenciar-se, por medo, e alimentar uma ilusão?

E sua escolha pode ser o diálogo, afinal todo não de alguém é um sim para alguma de suas necessidades. Às vezes é possível construir caminhos que incluam e cuidem das necessidades de ambos, de maneira satisfatória. Mas também é preciso romper a ilusão de que o diálogo honesto sempre levará à construção desses caminhos.

Para construir juntos, ambas as pessoas precisam estar dispostas a abrir mão de suas estratégias favoritas. E algumas vezes, não vamos conseguir. E se não podemos abrir mão de uma determinada estratégia, neste contexto, significa que estamos tentando nos proteger de um desconforto, com o qual ainda não sabemos lidar de outra maneira. E tá tudo bem assumir isso. 

E se o outro não pode, não quer ou sabe como caminhar com a gente, dessa maneira, precisamos estar abertos a fazer outras escolhas, que podem incluir o afastamento ou mesmo o rompimento desse vínculo, para priorizar o nosso bem-estar.

E há outras vezes, que a pessoa a quem estamos fazendo nossos pedidos não é capaz de recebê-los. Não é capaz de ver os pedidos como essa oportunidade de contribuir para tornar nossas vidas mais maravilhosas.

Comumente isso acontece com pessoas que, em suas experiências de vida, receberam muitas críticas e, internamente, passaram a acreditar nelas. Sabe aquela pessoa com a qual você se relacionou e ao menor sinal de expressão de incômodos na relação, ela respondia com frases do tipo:

“Eu faço tudo errado!”

“Você nunca está satisfeita comigo”

“Nada do que eu faço é suficiente…?

São pessoas bastante intolerantes às críticas e costumam escutar exigências, ainda que você faça pedidos. Sua resposta é defensiva como uma tentativa genuína e válida de receber aceitação e reconhecimento. Mas comumente, isso não é sobre a relação de vocês. 

E você, que naquele momento tentava expressar o que era importante para você na relação, não é escutada, porque o outro voltou a atenção a si mesmo. 

Quando essa dinâmica está presente, fazer pedidos e tentar estabelecer combinados, pode ser extremamente frustrante. E ainda com todas essas perspectivas em mente, eu prefiro comunicar o que é importante para mim, de forma clara. 

Saber o que queremos e o que é necessário acontecer para que sejamos cuidados, da maneira que precisamos, nos ajuda a tomar decisões mais conscientes.

Também é importante que estejamos abertos a escutar os incômodos e receber os pedidos dos outros, com quem nos relacionamos. Afinal, a relação se constrói com retroalimentação, escuta e ação. 

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