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Está tudo bem sentir. O desconforto é parte da experiência humana

Após a separação que vivenciei em 2010 (alguns já conhecem a história) eu fiquei realmente mal, emocionalmente falando. O fato é que por mais que eu quisesse superar a dor que sentia e por mais que escutasse das pessoas ao meu redor que eu deveria dar as volta por cima e ficar bem, eu não conseguia. 

Abria os olhos a cada manhã e os pensamentos surgiam e seguiam insistentemente durante todo o dia, tentando entender o que eu havia feito de errado para estar passando por tudo aquilo. A minha rotina não fazia o menor sentido, eu não conseguia trabalhar e dividia meu tempo entre ler romances para fugir da realidade (essa era minha motivação) e pensar em coisas que eu deveria deixar de fazer porque eram coisas de gente fútil. Sim, tamanha foi minha experiência autocrítica, naquela época, que eu ficava tentando convencer a mim mesma que podia ser uma pessoa melhor, a todo momento. 

Além disso, eu chorava e questionava a todos ao meu redor, tentando entender porque eu estava vivenciando aquela dor. Claro, nenhum dos meus amigos e familiares tinham a resposta, mas eles tentavam me animar, faziam o que podiam e sabiam fazer. 

Foi então que um dia, próximo ao Natal, eu estava na casa da minha mãe e ela me pediu para buscar ajuda profissional, pois ela estava preocupada e não sabia mais como me ajudar. Aquele pedido me impactou e ao mesmo tempo me ajudou. Foi naquele momento que me dei conta de que talvez as pessoas ao meu redor não poderiam mesmo me apoiar a lidar com toda aquela dor emocional, por mais que elas quisessem. 

Eu comecei a terapia e ao mesmo tempo, iniciei meu treinamento como voluntária do centro de valorização da vida (CVV). Na terapia, lembro de ter sido questionada mais de uma vez sobre o que eu achava que meu ex tinha de tão especial, na tentativa de compreender a dor, o que afinal eu estava perdendo. Todas as vezes que fui questionada, respondi que não era sobre “ter perdido”, mas sobre a maneira pela qual ele havia ido embora: com uma mensagem repentina (sem nenhum diálogo maior) por SMS, dizendo que não queria mais se casar comigo e ponto final. Meu então terapeuta insistia na pergunta… 

Enquanto isso, no meu treinamento enquanto voluntária do CVV eu também tive espaço para falar da dor que estava vivenciando. Diferente de questionamentos, recebi acolhimento. Alguém segurou na minha mão e me disse que estava tudo bem sentir, estava tudo bem não ter superado aquele término. Foi libertador! Eu não precisava entender porque estava doendo, eu apenas podia sentir a dor, assumir que ela era real.

E foi assim que me redescobri humana e aprendi que é sobre isso. 

Quando você está em dor emocional, você não é o único! Não é apenas você que não conseguiu superar naquele tempo “pré-determinado”. Você  não é  um fracasso. Você não tem culpa. Você  apenas é um ser humano vivenciando uma experiência emocional desconfortável (esperada) por ter perdido uma de suas estratégias favoritas, até então.  E como ser humano você é um ser que sente, pois afinal está vivo e os sentimentos são a linguagem do nosso mundo interno pedindo atenção.

Foi assim que aprendi que o primeiro passo é se permitir e escutar. É reconectar. É não julgar a própria experiência.

Como podemos apoiar? Não julgando a experiência do outro, não questionando porque o outro está em dor. Apenas acompanhando, escutando, validando. E não se engane. esse não é um trabalho para profissionais. Todos podemos oferecer isso às pessoas de nossas vidas! Meus amigos e familiares não souberam, Talvez você também não saiba. Mas a boa notícia é que você ainda pode aprender.

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