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E quando eu não estou cobrando, nem acusando, mas ainda assim o outro fica na defensiva ou reage?

Há algumas semanas, escrevi um texto sobre a importância de tomarmos responsabilidade por nossos sentimentos, antes de expressá-los em nossas relações.

Ressaltando que deixar de PENSAR que o outro é o vilão e culpado por nossas mazelas é mais importante do que aprender a FALAR uma linguagem emocional, como a comunicação não violenta (CNV). Afinal, a gente comunica o que pensa. E se o que dizemos não está em consonância com o que pensamos, o outro vai perceber nossa real intenção (mais cedo ou mais tarde).

Entretanto, mesmo quando nos responsabilizamos por nossos sentimentos e necessidades e pedimos “direitinho” o que queremos do outro (sem fazer exigências) a comunicação pode não ser bem sucedida. 

Então, como nos tornaríamos adultos tolerantes a escutar críticas uns dos outros?

A verdade é que essa criança que viveu essas experiências dolorosas ainda vive dentro de cada um de nós. E quando o outro entra na defensiva ou reage ao que você diz, na verdade é o seu mundo interno tentando defendê-lo. É a mente tentando evitar que voltemos a experimentar dor.  Alguns têm crianças mais machucadas e portanto mais sensíveis do que outros.  

Essas pessoas reagem ao que você diz, ainda que você seja cuidadoso, porque entraram em contato com sua própria experiência de dor. Não significa que você não aprendeu a se comunicar melhor e de maneira mais responsável.

Então, o que é possível fazer quando nos expressamos com responsabilidade e ainda assim o outro não consegue nos receber?

O único que podemos fazer é COMPREENDER e ESCOLHER. Compreender que o outro não consegue escutar naquele momento. Escolher se queremos lidar com isso, se queremos colocar energia em nos relacionar com alguém que aprendeu “tão bem” a criticar a si mesmo e se responsabilizar pelo bem-estar dos outros, que não têm espaço para nossa vulnerabilidade. E eu não estou te incentivando a “cair fora dessa relação”, porque afinal esse tipo de reação é bastante comum. Apenas estou te convidando à responsabilidade diante da realidade deste fenômeno social que é aprender a sentir culpa e como isso afeta nossas relações.

Compreender e escolher é o que podemos fazer, além de tomar responsabilidade pelo que é nosso e melhorar nossa comunicação.

Porque o trabalho interno de liberação de culpa, que permitirá a cada um escutar e receber a honestidade do outro, é trabalho individual (infelizmente acredito eu) e precisa também ser uma escolha. 

E embora não possamos controlar como o outro recebe nossa expressão, podemos sempre tentar escutar o outro, acolher, oferecer empatia. Claro, sempre que isso também for possível para nós e com a consciência de que podemos aprimorar essa habilidade (desde que a gente queira).

E também podemos trazer essa consciência para nossa comunicação, agregando nossa real intenção à nossa fala, quando estivermos fazendo uma expressão honesta. Deixar claro que não queremos acusar, ferir ou exigir e checar como o outro recebe isso, enquanto nos expressamos.

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