Como eu me tornei formadora e o que nunca te contaram sobre trabalhar com CNV
Marshall Rosenberg (o sistematizador da CNV) já dizia que quando conhecemos e começamos a viver a CNV é natural que tenhamos desejo de compartilhá-la com outras pessoas. A gente quer companhia naquilo que encontramos sentido e também desejamos poder utilizar e integrar os recursos e ferramentas que ela nos oferece, de uma maneira mais fluida, o que seria facilitado se as pessoas ao nosso redor também a conhecessem.
Para alguns, este interesse brota após a leitura de um livro de CNV ou ao assistir uma palestra oferecida na empresa que trabalha. Alguns enxergam de imediato muitas possibilidades e campos nos quais a CNV poderia ser aplicada, com o intuito de enriquecer vidas e relacionamentos: educação, inovação, resolução de conflitos, estímulo à colaboração, promoção de diversidade, liderança, restauração de vínculos, apoio emocional, psicoterapia, etc.
E neste caminho, muitas pessoas desejam tornar-se, profissionalmente, facilitadoras (ou formadoras) de CNV. A partir daí, buscam cursos e formações e comumente sentem-se perdidas e confusas, sem saber por onde começar ou como podem “habilitar-se” para tal missão.
Mas, diferente de outras abordagens, para tornar-se facilitador de CNV não há um curso (nem um conjunto deles) específico a ser feito. Em lugar disso, se propõe uma jornada, construída sobre três pilares: CONHECER, VIVER e COMPARTILHAR a CNV. O que na prática significa:
- Conhecer os elementos, fundamentos e processos que compõem a CNV (teoria e conceitos).
- Desenvolver habilidades (pessoais e relacionais) e atitudes (integrando recursos), de maneira a orientar sua vida cotidiana à consciência proposta pela CNV.
- Compartilhar sua prática de CNV com outras pessoas.
Como conhecer a CNV?
Através de livros, cursos e formações, vídeos, podcasts, etc.
Como viver a CNV?
Colocando em prática o que está aprendendo, com comprometimento, persistência e sobretudo, apoio e companhia.
Como compartilhar CNV?
Compartilhando. Isso mesmo, para se tornar facilitador de CNV, você precisa facilitar CNV.
Por tudo isso, você pode começar a compartilhar, quando se sentir preparado para tal. E preste atenção, não demore muito ou espere aprovação ou autorização de pessoas mais experientes para começar.
“Enquanto esperamos estar prontos, o mundo que não desejamos mais, continua do jeito que está”.
Escutar algo como a frase anterior de um outro formador de CNV, foi fundamental para que eu seguisse adiante, quando apenas alimentava o sonho de me tornar também uma formadora. Mas claro, não esqueça que é fundamental estudar e seguir praticando (viver e integrar), a partir do momento em que fizer esta escolha.
A não obrigatoriedade de uma titulação para a partilha da CNV, infelizmente, faz com que alguns se satisfaçam em compartilhar o que estão apenas conhecendo. Eu espero que você não pare por aí. Afinal, é neste âmbito que tenho visto partilhas da CNV como se ela fosse uma técnica ou pior, os “famigerados quatro passos”.
Eu comecei estudando tudo que pude (em 2017). Li os livros, fiz cursos gratuitos e pagos (fiz até vaquinha), me inscrevi em grupos de prática que encontrei na cidade. Fui atrás dos formadores de CNV que me apresentaram no Brasil. Em três meses, montei um grupo de estudo e prática, em minha própria casa.
Desde o início, conheci, vivi e compartilhei a CNV. Confiei e persisti porque tinha certeza que queria atuar profissionalmente com CNV. No final deste primeiro ano, eu fundei a Konekti e comecei a oferecer treinamentos em CNV para empresas e instituições de ensino. Sim, eu empreendi com CNV, respondendo uma pergunta que chega muito por aqui: “Como atuar profissionalmente com a CNV?”.
Hoje, eu e mais três mulheres maravilhosas que integram a equipe da Konekti, oferecemos treinamentos, mediação, e atendimento terapêutico, com base na CNV. Além de acompanhar pessoas em suas jornadas de formação.
Em 2018, conheci o processo de certificação internacional em CNV. Fui oficialmente registrada no começo de 2021 e em 2022 concluí o processo, que levou em conta toda minha caminhada até então. E foi durante essa jornada que escolhi acompanhar outros em suas jornadas. Assim nasceu a Formação Konekti em CNV, as mentorias individuais e em grupo e o apoio voltado à certificação internacional. Esta que não é necessária para ser facilitador, mas marca uma diferença e um compromisso com a visão compartilhada por Marshall, que posso explicar melhor em outro texto.